quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Grande Tartas

imagem: net
Nadando nas águas, com a sua calma e sabedoria de sempre, andava a Tartas, uma tartaruga já muito velha. Conhecida por todos desde sempre. Ninguém sabia a sua idade ao certo. Passeava sempre sozinha e transmitia sempre uma sensação de paz a quem se cruzava com ela.
Num coral, uns pequenos camarões andavam em grande agitação:
-Mãe, queria ir à Gruta das Pedras Verdes!
-Pai, queria ir ver o espetáculo das Estrelas-do-mar!
Todos possuíam uma grande sede de experimentar e ver tudo. Tinham o tempo todo da vida pela frente.
A Tartas observava com a sua calma, parou para flutuar e observar os pequenos.
-Mãe, mãe, porque não tenho uma casa às costas como a Grande Tartas? Queria uma!
-Não podes! És um camarão. Só as tartarugas é que andam com a casa às costas.
-Porque não levamos a nossa?
-É muito pesada!
Tartas sorriu e ao mesmo tempo os seus olhos lacrimejaram-se mais do que o normal.
A expressão foi tão curiosa e contraditória que a mãe camarão não resistiu em perguntar:
-Grande Tartas , estás bem?
-Estou minha amiga! São recordações.
Um dos camarões perguntou logo:
-O que são recordações?
-São lembranças do passado.
-Hum, e o que te lembras?
-Que já tive vários filhos mas nunca os levei a ver nada.
-Porquê?
-Nós não vemos os nossos filhos. Vamos até à praia aonde nascemos, cavamos a cova mais funda num sítio que achamos seguro, pomos os ovos, tapamos e partimos.
-É por isso que choras, não é? Não percebo é porque sorris?
-Não estou a chorar. Estou feliz. Sabes, cada vez que vejo uma tartaruga nova imagino que poderá ser meu filho ou minha filha e sempre que vejo outras crianças sonho como seria se os tivesse conhecido.
-E dizes que não ficas triste! – Afirmou a mãe camarão. Lembrando-se que não se conseguia imaginar sem as suas crianças.
-Não fico, a sério! Tu vives feliz e acompanhas o crescimento dos teus filhos. Ama-os com todos os seus defeitos e virtudes. Eu amo-os a todos, pois não sabendo quem são, todos poderão ser meus. Não vivo as suas vidas mas imagino as suas histórias. Cada pequena tartaruga que vejo é um sonho que poderia ter vivido.

Curiosidade:
As tartarugas depositam os ovos na praia aonde nasceram. Estima-se que entre 100 filhotes nascidos, apenas um chegará a vida adulta.
In Sua pesquisa.com

terça-feira, 30 de agosto de 2011

O galo rouco

imagem: net
Naquela quinta, o Espepato, ganhava muito dinheiro com o seu mais recente negócio de despertadores, desde que o Galote, o galo, ficou doente. Andava rouco há meses, sem saber porquê.
Entretanto, Espepato, um pato com jeito para o negócio, decidiu comercializar despertadores, para ajudar a acordar os animais.
O Galote, por sua vez, andava deprimido. Todos os dias, acordava à mesma hora, ia para o meio dos montes, mas da sua garganta apenas saia um ruído, que não conseguia mostrar.
Um dia, num final de uma tarde, o galo estava cabisbaixo, em cima de uma pedra, a aguardar a hora de ir para o poleiro.
-Galote, porque estás triste? – Perguntava a vaca Amarelada.
-Não consigo cantar! Deveria acordar os animais da quinta, todos os dias, mas estou rouco e não sei porquê.
-Hum! E não consegues cantar na mesma?
-Consigo, mas não gosto de me ouvir e deixei de o fazer.
-Canta lá para mim!
-Tens a certeza que queres ouvir?
-Sim, quero! Vá lá!
O Galote encheu o peito de ar, cantou e saiu um rouco esganiçado.
-Ouviste? É horrível!
O sol estava, nesse momento, a pôr-se no horizonte e as galinhas deveriam ir para o poleiro mas não foram.
-Não canto mais!
-Galote, olha o sol!
-Ah! É verdade, tenho que ir dormir!
-Agora olha a tua volta!
-As galinhas ainda estão cá fora a comer! Estão doidas, está na hora de ir dormir.
-Sabes porque não foram?
-Não!
-Porque tu cantaste! A tua voz mostra-lhes que ainda é de dia! Baralhaste-as!
-Ãh!
-Vês! Os despertadores automáticos do Espepato, tocam todos os dias há mesma hora, acordam-nas, pelo barulho que fazem mas tu consegues convence-las que, mesmo após um dia inteiro acordadas, ainda conseguem continuar.
Há dias que não interessa a música das palavras para nos fazer continuar, mas sim, quem tem força para as dizer.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Coragem de Voar

imagem: net
Olhando para baixo, pelas ravinas, agredidas pelo tempo. A pequena águia temia de medo. Seus irmãos há muito que haviam efectuado o primeiro voo.
-Não receies! Tens asas para voar! Quando tiveres a cair, algo te vai fazer flutuar ao vento! Acredita em mim. – Dizia a sua mãe.
A pequena ave, de vez em quando, enchia o peito de ar, chegava as suas patas à ponta do ninho e parecia que ia voar mas algo a impedia sem saber o quê.
Os seus pais estavam desesperados porque não iriam poder ficar com ela para sempre e receavam pela sua vida.
- Não sei o que faça à Temerosa, pai! Ela não quer voar! Penso que está mais magrinha com medo – Queixava-se a mãe águia junto do velho pai.
-Eu vou lá um dia destes!
Certo dia, quando os pais tinham ido caçar, o avô águia apareceu no ninho.
-Olá avô! Os pais não estão!
-Não faz mal! Hoje vou ficar aqui com vocês!
Os manos da Temerosa eram muito marotos e faziam-lhe muitas partidas. Eram muito maiores. Uma dessas brincadeiras era esconder a comida dela num tronco envelhecido junto ao ninho. Um tronco que oscilava ao vento e muito perigoso. Se a pequena águia queria comer tinha que se aventurar. Só o fazia quando os pais demoravam muito e já não aguentava a fome.
-Olá, pai! Estavas aqui há muito tempo? – Chegou a mãe águia.
-O tempo suficiente. Manda os teus filhos voar!
Os pequenotes partiram para um voo pelo vale.
-Porque fizeste isso pai?
-Sabes aonde está a comida da Temerosa?
-No ninho, penso eu. Se é que ela ainda não a comeu.
-Não, não está! Vem comigo! Vês este tronco!
-Ui! Quem pôs aqui esta comida?
-Foram os irmãos da Temerosa!
-Vou castigá-los!
-Não é preciso! Eles fizeram o que qualquer criança faz quando sente o receio de outra.
-O que faço agora? A Temerosa deve ficar aterrorizada quando precisa de comer. Agora percebo porque está tão magrinha.
-Temerosa, anda cá ao avô.
A pequena águia chegou junto deles e olhou aterrorizada para o tronco. Seu avô, subiu para o galho e chamou-a novamente.
-Anda sobe!
-Tenho medo!
-Eu estou aqui! Vem!
A Temerosa subiu devagar para o tronco, que baloiçava.
-Vou cair!
- Não vais! Encosta-te ao avô!
A velha águia, abriu as asas, cobriu a Temerosa e empurrou-a. Os dois caíram pela ravina.
-Vou cair!
-Voa Temerosa! Abre as asas e não penses! Deixa-te ir!
A pequena águia, abriu as asas e fechou os olhos. Sentiu uma força de ar debaixo das suas penas e pairou no ar.
-Temerosa!
-Sim, avô!
-Estás a voar! Abre os olhos!
-Estou a…a…voar!

Curiosidade:
"As águias são também símbolos utilizados em vários contextos e culturas
  • Como ainimal nacional dos Estados Unidos de América
  • Como Símbolo e mascote das escolas de samba Portela, Águia de Ouro e União da Ilha
  • Como mascote e símbolo do clube Benfica, São José, Vitória
  • Como logotipo e mascote da Forever Living Products
  • Como o símbolo da Equipe Alliance Jiu-Jitsu
  • Como símbolo das legiões romanas."
in Wikipédia

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Lentinha

Imagem: Wikipédia
Na copa de uma árvore muito alta, algures numa floresta no Brasil, encontrava-se, vagarosamente a comer, a Lentinha, uma preguiça de 3 dedos.
Apenas tinha três preocupações: comer, dormir e pintar as unhas.
Certo dia, um papagaio, pousou num ramo, junto a si:
-Ah! Ah! A preguiça pinta as patas! – Gritou muito alto e com ar de gozo.
Lentinha, acordou de uma das suas sestas da tarde:
-Xiu! Deixa-me dormir e cala-te!
O papagaio não resistia e continuava:
- A preguiça, que nada faz, as unhas pinta de lilás! Ah! Ah!
-Puxa, porque não te calas?
-Ridículo! Ridículo! – Gritava a ave.
O papagaio, atrevido, levantou voo e pousou mesmo junto à cabeça de Lentinha. A preguiça, abriu a boca e agarrou com os dentes a cauda verde do papagaio.
-Ai! Não precisas de morder!
-Ãh? Morder? Estava a trincar uma folha!
-Não estavas nada! Mordeste-me a cauda!
-Desculpa, eu vejo mal! Por isso é que pinto as unhas com verniz para não confundi-las com o tronco das árvores.
-Ah! Desculpa! Não sabia!
O papagaio levantou voo, muito envergonhado.

Curiosidade:
Existem preguiças de dois e de três dedos. "O número de dedos varia somente nas patas anteriores". Habitam nas florestas da América do Sul.
"Desde 3500 a.C. as egípcias ja tingiam as unhas inicialmente de preto. No império Romano valorizava-se unhas bem polidas. Na China unhas compridas eram sinal de nobreza"
In Wikipédia

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A Pintas Altas

Imagem: net
Passeando pela savana, sempre de pescoço erguido, andava Pintas Altas, a girafa. Era muito vaidosa e louca por gravatas. Tinha uma coleção enorme, sempre a condizer com as suas manchas. Costumava ser gozada pelos restantes animais que, não entendiam o porquê deste acessório.
- É mesmo vaidosa e tonta a Pintas Altas. Usa aquele tecido ao pescoço que não tem utilidade nenhuma – Referiam os outros animais.
A girafa não lhes ligava nenhuma. Andava sempre descansada a comer os espinhos pontiagudos das árvores.
Certo dia, um grande reboliço se iniciou nas árvores. As aves encontravam-se agitadas.
-Socorro! Socorro! – Alguém gritava.
Todos os animais ficaram em alerta. De repente, um pequeno rato corria com todas as suas forças pela savana fora. Estava nervoso e olhava para trás, como se estivesse a ser perseguido.
A agitação era tanta que não viu a Pintas Altas e bateu contra uma das suas patas.
-Ai! O que tens pequeno amigo? Porque foges? – Questionou a girafa.
-Desculpa! Estou muito aflito! Uma leoa persegue-me.
Ao ouvir a palavra leoa, os animais passaram do estado de alerta para pânico total. As girafas juntaram-se todas, pois em conjunto sabiam-se defender, com as suas enormes patas.
-O que faço à minha vida! Vou morrer! – Chorava o pequeno ratinho.
A Pintas altas, afastou as patas, baixou-se e disse:
-Depressa! Sobe pela minha gravata!
O ratinho nem pensou duas vezes. Flectiu as suas pequenas patas, saltou, agarrou-se à gravata e subiu por ela acima.
A leoa apareceu. As girafas estavam todas juntas à espera do ataque, mas não foi preciso, porque o felino desistiu e foi-se embora.
-Obrigado pela ajuda! Salvaste-me a vida! – Agradeceu o pequeno ratinho.
Nunca mais ninguém fez um comentário acerca das gravatas da Pintas Altas.

Curiosidades: As manchas pardas das girafas possuem um padrão único para cada indivíduo e que as ajuda a esconder entre as árvores.
"Atribui-se a introdução da gravata aos soldados croatas a serviço da França durante a guerra dos trinta anos. Os pedaços de tecidos, atados ao pescoço dos soldados com distintivos laços, teriam causado enorme alvoroço em toda a sociedade parisience. Tal acessório era usado com distintivo militar pelos croatas, sendo de tecido rústico para os soldados e de algodão ou seda para os superiores".
in: Wikipédia